| IBGE | Rendimento do Estado foi 38,40% menor do que o Brasil, de R$ 1.893
O Ceará registrou a sexta menor renda domiciliar per capita do Brasil em 2023, no valor de R$ 1.166, apesar de crescimento anual de 11% em comparação a 2022, com R$ 1.050. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
O rendimento do Estado foi 38,40% menor do que o do Brasil, com R$ 1.893. O menor valor foi registrado no Maranhão, com R$ 945, e o maior no Distrito Federal, com R$ 3.357. São Paulo (R$ 2.492) e Rio de Janeiro (R$ 2.367) figuraram entre as maiores rendas. Já Amazonas (R$ 1.095), Alagoas (R$ 1.110) e Pernambuco (R$ 1.113) nas menores.
O chefe de disseminação das informações do IBGE, Helder Rocha, informou que os dados foram captados em visitas aos domicílios cearenses ao longo do ano. “Não é uma única variável que explica a diferença de rendimento domiciliar per capita. É um conjunto de variáveis complexo, que merecia um estudo específico”, explicou.
“Esse rendimento é o trabalho principal e outras fontes de renda. Não é só das pessoas que estão empregadas”, acrescentou Rocha. Rendimentos relacionados a empregos informais, a trabalhos secundários e a benefícios governamentais, como a aposentadoria ou afastamento temporário, entram no cálculo também.
Um ponto destacado pelo especialista é a discrepância relacionada às regiões Norte e Nordeste, que estão nas posições mais baixas do ranking nacional, enquanto o Sul e Sudeste ocupam as primeiras colocações. Algo que é justificado por um fator histórico na visão do economista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Érico Veras Marques.
“Historicamente, o desenvolvimento industrial, o desenvolvimento tecnológico, o desenvolvimento econômico… desde lá da ‘política café com leite’ (predominância do poder nacional entre as oligarquias paulista e mineira no fim do século XIX e início do XX), toda a história do Brasil é sempre concentrada na região Sudeste. Tanto é que hoje a região Sudeste possui aproximadamente 72% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional”, detalhou.
Apesar do Ceará ter tido crescimento de renda nos últimos anos, ainda não foi suficiente para suprir a diferença apresentada nas regiões. “Esse é um fator conjuntural histórico, tanto é que você tem uma série de iniciativas, de incentivos e de fundos de desenvolvimento para as regiões Norte e Nordeste para tentar diminuir essa discrepância”, disse Marques.
A renda é um retrato das condições estabelecidas no Estado, segundo a economista e docente da UFC em Sobral, Alessandra Benevides. “A gente tem uma parcela da população ainda muito dependente de programas de governo com transferência de renda, uma população ainda muito pobre e que ainda está sem perspectiva”.
“Se você for uma empresa que vai se instalar no Brasil, por exemplo, você vai procurar um local que tenha melhores insumos, uma força de trabalho mais educada (em termos de escolaridade), uma força de trabalho com maior produtividade. Você vai procurar estar perto de uma infraestrutura melhor”, complementou a professora.
Alessandra destacou, ainda, que muitos dos investimentos e empregos do Ceará estão concentrados na capital e na Região Metropolitana de Fortaleza. “Há pouca perspectiva para o interior, e um Estado que quer crescer e rivalizar com outros Estados, com potências econômicas precisa desenvolver o interior também”, pontuou.
Rendimento domiciliar per capita no Brasil em 2023
Maranhão:
R$ 945
Amazonas:
R$ 1095
Alagoas:
R$ 1110
Pernambuco:
R$ 1113
Bahia:
R$ 1139
Ceará:
R$ 1166
Sergipe:
R$ 1218
Pará:
R$ 1282
Paraíba:
R$ 1320
Piauí:
R$ 1342
Rio Grande do Norte:
R$ 1373
Roraima:
R$ 1425
Amapá:
R$ 1520
Tocantins:
R$ 1581
Acre:
R$ 1597
Rondônia:
R$ 1893
Brasil:
R$ 1893
Espírito Santo: R$ 1915
Minas Gerais:
R$ 1918
Mato Grosso:
R$ 1991
Goiás:
R$ 2017
Mato Grosso do Sul: R$ 2030
Paraná:
R$ 2115
Santa Catarina: R$ 2269
Rio Grande do Sul: R$ 2304
Rio de Janeiro: R$ 2367
São Paulo:
R$ 2492
Distrito Federal: R$ 3357
Fonte: IBGE