Mercado de câmbio vê tendência de queda e projeta dólar a R$ 4,80

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|PERSPECTIVA| Governo teria saído fortalecido, após atos golpistas. Cenário internacional também favorece o real

Enquanto as projeções oficiais apontam para um dólar a R$ 5,28 em 2023, quem trabalha diretamente com o mercado de câmbio percebe um movimento de queda mais acentuado na cotação da moeda norte-americana, com possibilidade de chegar a R$ 4,80 em algumas semanas, no melhor cenário, ou até o fim do ano, em uma visão mais pessimista. Ontem, o dólar comercial fechou a R$ 5,14.
No ano, a mínima chegou aos R$ 5,09 na última sexta-feira, 13, e a máxima a R$ 5,47, no dia 3 de janeiro, indicando ainda um momento de muita oscilação. Contudo, nas casas de câmbio, que operam com o dólar turismo (mais caro que o comercial), a percepção geral é a de que o real está em tendência de valorização frente a outras moedas.

Um dos motivos para isso é a leitura de que o governo Lula, bem como o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, saíram fortalecidos, após a reação considerada firme aos atos golpistas do último dia 8. Para Ingrid Collyer, sócia da La Moneta Câmbio “estava todo mundo esperando uma alta na moeda, pelo menos, nesse começo. Foi uma surpresa positiva (a tendência de queda), que se sucedeu por conta da retaliação aos movimentos que tiveram como alvo os Três Poderes, demonstrando força e que o Brasil é um país democrático”.

Também o cenário internacional favorece a queda do dólar. Conforme o diretor de operações da Sadoc Corretora de Câmbio, Breno Cysne, no contexto externo, a previsão da Goldman Sachs de um novo boom de commodities em 2023 é positiva para a economia do País, de um modo geral, inclusive com relação ao câmbio. “No Brasil, que é exportador de commodities vai ficar muito dólar. Então, nós estamos bem animados com essa tendência de queda e acreditamos que ele pode chegar a R$ 4,80 até o fim do ano”, projeta.

Ambas as visões são corroboradas pelo economista Ricardo Coimbra, “se esse movimento continuar ao longo das próximas semanas é provável que a gente chegue a algo em torno de R$ 4,80. Essa é uma possibilidade muito grande, visto que nesse período você já terá um direcionamento mais efetivo do que será esse novo arcabouço fiscal, que vai substituir o teto de gastos. Isso tem demonstrado ser bastante positivo”.

“No ambiente internacional, há uma perspectiva de crescimento maior da China. Mesmo com dificuldades nos Estados Unidos e na Europa, isso favorece o Brasil, pelo fato de a China ser um grande parceiro brasileiro comercial e está com essa perspectiva de forte retomada em 2023. Provavelmente, isso vai gerar um cenário muito bom para as exportações e, como consequência, terá um efeito sobre o câmbio”, acrescenta.

Mais cautelosa, Ingrid Collyer, lembra que “a última vez que o dólar esteve em R$ 4,80 foi em abril do ano passado. Então, não é de uma hora para a outra que isso vai acontecer. Talvez, vá caindo aos poucos. Eu não tenho como se precisar, mas seria maravilhoso para o nosso mercado, principalmente nas operações de turismo propriamente ditas”.

Mas não foi apenas frente ao dólar que o real se fortaleceu. A supervisora da Ouro Câmbio, Marina Garcia, destaca a maior procura pelo euro, que em determinado momento do ano passado chegou a atingir cotação equivalente ao da sua contraparte americana.

“Outras moedas que tiveram e estão tendo muita procura são o dólar canadense e a libra esterlina. Já o peso argentino e o chileno estão muito desvalorizados e quem viaja para esses países tem optado pelo dólar norte-americano”, explica Marina.

Fonte: O Povo

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